18/01/201801h00SAUDADE (muito bom) DIREÇÃO Paulo Caldas
PRODUÇÃO Brasil, 2017, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (18)

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Escrever sobre um (bom) filme é uma forma de prolongar sua experiência e aplacar o vazio que surge com os créditos finais. Preciosas, as falas no documentário “Saudade” deixam o espectador com vontade de ouvi-las de novo.
Vinte anos após estrear no premiado “Baile Perfumado” (1997), Paulo Caldas investiga origens e acepções do sentimento que, diz-se, é tão próprio à língua portuguesa. A potente trilha sonora é ponto comum às produções.
No Brasil, em Portugal, em Angola e na Alemanha, artistas plásticos, cineastas, dramaturgos, filósofos, músicos e escritores descrevem experiências íntimas, históricas e políticas ligadas à palavra.
Os depoimentos –no pouco inovador formato de “cabeças falantes”– são entremeados por momentos de puro lirismo, como trechos de peças, ensaios de dança, paisagens misteriosas etc.
Na abertura, o astronauta Marcos Pontes narra como viu o mundo desprovido da própria presença. Como descrever com mais intensidade o estar apartado do que se ama?

Veja o trailer de ‘Saudade’
Contrariando a tese da origem latina da palavra, o escritor amazonense Milton Hatoum aposta no parentesco com o árabe, em que “saudah”, a cor negra, remete à bile, associada à melancolia.

Fonte: Folha de S.Paulo